NÃO ME FALEM MAL DE SATURNO
NÃO ME FALEM MAL DE SATURNO
Texto de Emma Costet de Mascheville
Se a primeira questão que o estudante de Astrologia enfrenta é a
do “determinismo” x “livre-arbítrio”, a segunda é o
problema do “bem” e do “mal”.
No início, todos tem a
preocupação de saber se o planeta regente do mapa que estudam é
benéfico ou maléfico, se o signo zodiacal é favorável ou
desfavorável. Se procuramos algum benefício no estudo da
astrologia, devemos varrer desde o princípio todos estes
preconceitos.
Como seria possível que o Criador, na Sua
sabedoria, tivesse criado acima e ao redor de nós forças,
irradiações, que nos sujeitassem necessariamente ao mal só para
depois sermos condenados pelo próprio Omnijusto?
Toda Criação
fala do Criador e por isto tudo o que está na natureza expressa a
Sua sabedoria. Nossa incapacidade de compreender as leis divinas da
natureza, nossa luta contra a Sua sabedoria, causam o nosso
sofrimento- e não os planetas e signos zodiacais. Todos eles
produzem em nós energias, vibrações, que alimentam diversas
qualidades e virtudes.
Tomemos, por exemplo, Marte e Saturno, os
mais difamados. Marte é, parcialmente considerado um planeta mais
evoluído que a Terra. Se é mais evoluído do que nós, porque sua
vibração sobre nós será de violência e ódio?
Analisando a
dosagem de energia, de coragem e força de vontade segundo a posição
do planeta Marte, veremos que de fato tais qualidades são graduadas
segundo a intensidade da influência de Marte. Mas, se o homem usa
essa energia recebida, doada, para finalidades de egoísmo e
egocentrismo, provocando lutas, guerras, violências, ou não
controlando as energias, deturpando-a entre as paixões, quem é o
culpado: Marte ou o homem?
Não recebeu o homem, com a fagulha
divina da vida, a consciência? Não se aplicam o direito e o dever
de dominar a natureza não somente ao usufruto da natureza abaixo de
nós, mas também às energias dentro de nós?
Em épocas de
guerra, notaram-se as influências negativas de Marte. Quer dizer: a
humanidade não conseguiu sintonizar a influência de Marte, e na
incapacidade de receber e analisar o estímulo que vem do Alto e
volta ao Alto, expressou mediante a agressividade desencadeada sua
falta de domínio da energia recebida.
Embora possamos, pela
marcha dos planetas, calcular quando se processa em nós esta
fraqueza humana, não podemos culpar o planeta pela imperfeição da
consciência humana. Em agosto de 1956 havia uma aproximação de
Marte que brilhava mais do que Vênus nos seus melhores dias. O povo
olhava e espalhava boatos sobre o Mau Augúrio desse fenômeno
celeste. Nessa ocasião escrevi este artigo
Olhemos com
confiança as maravilhas do Céu que estão acima de nós e
procuremos compreender e controlar as razões da nossa própria
imperfeição!
Também é o que diz Paracelso, quando defende
o mais belo dos planetas, que com seu anel brilhante gira
majestosamente ao redor do Sol. Todos os que se interessam pela
astronomia procuram dirigir o telescópio para admirar esta beleza
sideral, e nós na astrologia o difamamos como se fosse a origem de
nossa cruz, nosso peso e obstáculo.
Será possível um planeta irradiar, ao mesmo tempo, vibrações
completamente opostas, criando em uns a reação de fé, confiança,
fidelidade, sinceridade e segurança e em seu vizinho o ceticismo, a
desconfiança, a frieza de sentimentos e o pessimismo? O problema das
reações provocadas pelas vibrações externas não está na maldade
do planeta que irradia, mas na capacidade de sintonização do homem
que recebe.
É isso o que diz Paracelso ao declarar: Não é o Saturno
acima de nós, mas o Saturno dentro de nós que nos atormenta. Com
“Saturno dentro de nós”, ele quer dizer a nossa falta de fé a
nossa inexperiência, a nossa desconfiança.
Na realidade a vibração de Saturno desperta em nós a
capacidade de fazer uso daquilo que conquistamos pelos nossos
próprios esforços, ou pelo dos nossos antepassados; a capacidade de
aprofundar e experimentar, de lembrar: é a Sabedoria que podemos
alcançar através da experiência.
Há temperamentos que, do passado, lembram somente as alegrias.
E há estados de alma em que enxergamos, em todo o passado que
vivemos, a marca de uma finalidade, a prova de que toda a cruz que
nos foi imposta teve como finalidade nosso progresso e evolução. A
prova de que “não cai um cabelo de nossa cabeça sem a vontade do
Pai.
Nesse caso a vibração de Saturno desenvolve-se em fé, em
confiança, em fidelidade, em senso de dever e responsabilidade. E a
cruz se torna mais leve.
Há os temperamentos e os estados de alma onde, do passado,
rememoramos o que foi difícil, e achamos que não foi merecido. Em
resultado enfrentamos as situações do presente com medo, com
desconfiança, com angústia, com depressão, pessimismo, falta de
fé. E a mesma cruz se torna pesada.
A olho nu, com a nossa visão humana, podemos somente enxergar
sete corpos celestes no nosso sistema solar. Saturno é o último
deles, a última etapa da escala planetária visível. Depois dele
existe a escala dos planetas invisíveis, que começa com Urano; esta
escala torna-se mais visível para nós somente através dos aparatos
da ciência.
Saturno é o planeta que desperta em nós as provas que, na
escala da evolução, nos conduzem do visível ao invisível. Ele é
o mestre escola que precisamos enfrentar para passar do primário ao
secundário.
Quem raciocinou, quem se aprofundou, quem passou as provas do
passado, enfrenta seu examinador com amor e alegria; ele ama seu
examinador. Quem não soube alcançar em seu coração a fé e a
confiança, sente angústia, sente medo na presença do
mestre-escola. Se, nas vibrações negativas de Saturno ainda
sentimos desconfiança, pessimismo, angústia, remorso, dores, é
sinal de que nossa fé ainda é fraca, ou de que ainda há algo a
redimir.
Tomemos os anéis como símbolo de um mundo separado em dois:
concreto-abstrato, visível-invisível, ciência e fé. Para passar
de uma parte a outra é necessário rodear-se dessa faixa luminosa da
fé que resulta do saber, é necessário aproveitar-se das
experiências do passado.
Saturno é o grande contabilista do passado, que cria a base do
futuro. Que, da fé na experiencia e da dor visível conduz à fé no
invisível.
Se tu não sentes ainda a sabedoria e a confiança que resultam da fé, se não possuis ainda a faixa luminosa de Saturno, a culpa não é dele.
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