Tragédia revela na Lua Cheia em Leão
Tragédia revela na Lua Cheia em Leão
Ainda sob o efeito da terrível tragédia que se abateu sobre
nós, na Boate Kiss em Santa Maria/RS, onde mais de duas centenas de jovens
perderam a vida, no auge de seus sonhos e esperanças, olho para o céu e vejo
a Lua Cheia em Leão.
Lembro que a Lua Cheia revela tudo que está oculto, divulga
e repercute. Esta tragédia revela a precariedade das instituições públicas e
dos indivíduos que elegem os administradores.
Não é o caso, pelo menos por enquanto, de pensar quem são os
responsáveis, até porque penso que somos todos nós. Quando nos omitimos, não
denunciamos, deixamos irregularidades passarem, não respeitamos nossas vidas
nem a dos outros, optamos pelo lucro e pelo caminho mais fácil, subornamos e ludibriamos
a lei, as pessoas e a nós mesmos.
Os acontecimentos de Santa Maria iniciaram com um
sinalizador, bem a propósito, apontando comportamentos e interesses, tudo pelo
espetáculo, sem preocupação com as vidas, que naquele momento eram só público alvo e pagante.
Leão fala da identidade, individualidade e auto-estima. O
que acreditamos que somos quando coisas como estas acontecem? Valorizamos nosso
poder aquisitivo, imagem, o que pensamos possuir, sem se preocupar como e para
o que servimos, a não ser ganhar dinheiro e ter um poder efêmero, que não nos
qualifica a nada.
Lua Cheia em Leão, que sirva para encararmos de frente o que
somos, o que fazemos, e quem queremos ser. É hora de enterrarmos nossas vítimas, recolher
cacos e rever valores e atitudes.
Na tragédia nos unimos e a solidariedade vem à tona, emerge
da sabedoria universal habita dentro de nós, nela que devemos nos deter para
repensarmos nossos valores e interesses. Lembrar que o que acontece a um se expande
no todo.
Juntos, ao longo da história da humanidade neste planeta, construímos
tudo o que existe, cada um contribui com o que carrega, dispõe e delega. O que
nos qualifica frente a nós mesmos? Qual o nosso legado? Que sentido tem nossa vida?
Estamos constrangidos no reflexo que vemos neste imenso e trágico
espelho que se abateu sobre nós. O mundo chora a suas mazelas, vamos fazer que sirva para sairmos deste ciclo predatório, em que a vida não tem importância
e que o valor está no material, nas aparências e não no essencial e humano.
Os jovens vitimados dão sentido a sua breve passagem como um
alerta, o que causamos com nosso descaso, individualismo e falta de comprometimento. Só podemos ser indivíduos dentro do coletivo, que nos reflete e une.
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